Meu interesse pela leitura sofreu uma guinada no dia em que li a sinopse do livro “Sedução”, de Nicole Jordan. A natureza da história não correspondia àquela seção da livraria em que eu me encontrava — alguém provavelmente o deixara ali por preguiça de volta-lo ao lugar. Ainda bem! Nunca imaginei que uma história baseada na decadência e perversidade de uma sociedade do século XIX pudesse ser tão interessante — e excitante. Assim, aos dezesseis anos, li, sem querer, meu primeiro livro erótico, e naturalmente me tornei fã do gênero.
Em dois anos, adquiri um montante invejável de verdadeiros livros desse lirismo lascivo. Li clássicos sem saber que eram clássicos. Conheci Anaïs Nin, Marques de Sade, Henry Miller, Swinburne, Georges Bataille, John Cleland, Anne Desclos (Pauline Reage), Mary Gaitskill, Bukowski, Leopold Von Sacher-Masoch, Erica Jong, entre outros. Fui além, aos graphic novels eróticos: Milo Manara, Guido Crepax, Hugo Pratt, Paolo Eleuteri Serpieri, Enrico Teodorani, etc. Nunca me cansei desse tipo de história. Hoje, entretanto, nenhuma vale a pena. Não desapaixonei pelo gênero, mas as opções infelizmente acabaram.
Depois, perdi muito tempo com best sellers e autores estrangeiros. Descobri (antes tarde do que nunca) a verdadeira literatura por meio de nomes brasileiros e latino-americanos: Nelson Rodrigues, Rubem Fonseca, Mário de Andrade, Mário Vargas Llosa, Carlos Heitor Cony, Rubem Braga, Milton Hatoum, João Ubaldo Ribeiro, José de Alencar, Mário Benedetti, Otto Lara Resende, Marçal Aquino, Vanessa Bárbara… Essa lista, sim, é interminável, e felizes são aqueles que conhecem a perfeição de nossa língua por meio desses grandes autores.
Por admiração a eles, comecei a me aventurar nesse tipo de escrita, na criação, lapidação e evolução de uma história. E nessa aventura, compreendi cedo que, quanto mais leio e escrevo, mais tenho a aprender e a crescer.